sábado, 13 de outubro de 2012

Rufem os tambores: preparando um goulash de soja

Ao amigo internauta que chegou por aqui procurando receitas pelo Google: vou partir do princípio de que, se você digitou goulash, é porque está procurando aquilo que os húngaros chamam de pörkölt, que é um guisado de carne (e aqui vamos usar soja, beleza?). Já falei sobre isso aqui e aqui e, não bastasse, encontrei um ótimo resumo - com direito a uma tabela comparativa que explica tudo direitinho - neste site. Este outro, com dicas de viagem no estilo slow travel, também é ótimo e já foi para a minha lista de favoritos.

Então vamos ao goulash de soja, ou pörkölt de soja, ou... enfim. Inventei uma gororoba com base nas n receitas que andei pesquisando por aí. Rende 3 a 4 porções. Vamos aos ingredientes?

- 1 cenoura picada em cubos grandes
- 1 pimentão amarelo picado em tiras de tamanhos variados (até 1cm)
- 1 pimentão vermelho picado em tiras de tamanhos variados (até 1cm)
- 2 batatas grandes em cubos
- 2 tomates sem sementes picados em tiras não muito finas
- 1 cebola roxa (grande) picada em pedaços finos [optei pela variedade roxa porque é mais popular na Hungria e, como vou falar mais adiante, eu tinha que dar um pouco de legitimidade à receita!]
- 100g proteína de soja texturizada (conhecida como PVT ou PTS)
- 2 colheres de sobremesa (rasas) de páprica doce
- 2 dentes de alho
- sal a gosto
Aí você vai protestar: "como assim, duas batatas? Na foto aparecem seis!" É que as outras ficaram como acompanhamento e não entraram na receita. As cebolas da foto são pequenas. Usei uma e meia.

E os ingredientes comprados na viagem? Pois é, eu precisava dar um pouco de legitimidade magiar à minha receita, hehehe! Vamos a eles.

Falei sobre a soja Haas neste post. Usei a de número 3 (PTS em cubos). Bem, na verdade ela é produzida na Eslováquia e não na Hungria - afinal, vivemos num mundo globalizado. 

E essa PTS é diferente da que temos no Brasil? Vamos ver. Na primeira foto o detalhe da PTS Haas e, na segunda, detalhe da PTS Frutos da Terra (graúda, escura):

PTS Haas

PTS Frutos da Terra
 
As fotos ampliam se clicadas. A PTS Haas é da variedade clara e tem a superfície mais lisa e brilhante. Lembra um pouco aquelas pipocas de milho naturebas com açúcar mascavo. Ou melhor, lembra aqueles biscoitos sem glúten que são vendidos em casas de produtos naturais. Já a PTS Frutos da Terra tem um aspecto um pouco mais esponjoso.

A páprica Szegedi (o nome da marca quer dizer "de Szeged", que é uma cidade da Hungria onde existe um curso de húngaro que já citei) vem numa embalagem com fecho zip lock. Achei tão prático! 

Apesar do nome, talvez eu tenha comprado páprica sérvia, ou uma mistura de pápricas vindas dos dois países.  É o que diz a embalagem.

Uma coisa que achei interessante: a páprica vendida na Hungria vem com prazo de validade em torno de 6 meses, enquanto para as marcas brasileiras esse prazo é em torno de 12 meses. Acredito que o produto fabricado há mais de 6 meses (e menos de 12, é claro) ainda esteja adequado para consumo, mas já não tão fresco.

Szeged realiza um festival da páprica. Veja!

Sim, mas estávamos falando da preparação do goulash:

- comecei deixando as batatas para cozinhar, pois esse é o ingrediente mais demorado; fiz numa panela separada, já que nem todas seriam agregadas à receita;
- enquanto isso, a PTS vai hidratando;
- também pus a cenoura para cozinhar enquanto cortava e lavava os outros ingredientes;
- em seguida: refogar o alho, sal e cebola até dourar. Acrescentar os tomates, os pimentões, a cenoura e as 2-3 batatas. Refogar mais um pouco e acrescentar a páprica:

Aqui eu tinha acabado de acrescentar a páprica e ainda nem a tinha misturado com os outros ingredientes

No meio do caminho, pus uma parte do refogado no liquidificador, bati e devolvi à panela. Tudo para garantir que o goulash tivesse um caldinho. Acrescentei a PTS:

Tudo junto...

... e misturado

Jó étvágyat! (Bom apetite!)

O resultado foi #fail: não hidratei a proteína de soja por tempo suficiente. Foi minha estreia com a PTS graúda (até então eu só tinha usado a de granulação mais fina, para preparar tacos ou molho à bolonhesa) e vacilei feio. O resultado foram cubos duros e borrachudos.

Também achei que os dois tomates deixaram o prato com um gosto meio ácido. Um só - ou duas colheres de sopa de molho de tomate - já teriam sido suficientes.

Faltou uma pimentinha também. Não é um ingrediente muito usado aqui em casa e acabou perdendo a validade.

É isso, pessoal... de 0 a 10, dou nota 5 ou, vá lá, 6. PTS borrachuda ninguém merece!

Atualização (14/10/2012): sabe quando a comida requentada é melhor que a recém feita? Depois de algumas horas a PTS acabou "desemborrachando". \o/

Agora, uma coisa que percebi nas minhas duas tentativas de fazer goulash vegetariano: não havia nenhum ingrediente capaz de quebrar um pouco o gosto do pimentão, como acontece com a versão original - em que a carne faz esse papel. Talvez um pouco de cogumelo (shitake?) refogado e bem desmanchadinho cumprisse essa função e ajudasse a dar uma coloração mais próxima à do goulash. Ninguém precisa saber, é claro! Fica anotada a ideia na busca pelo goulash vegetariano perfeito.




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